domingo, 5 de setembro de 2010

Cultura pra mais de metro...



Antes de voltar para Granada, eu queria deixar claro que tudo que estou escrevendo até então se trata de momentos que aconteceram 5 anos atrás. Já teve gente que não conhece a história, fazendo confusão achando que eu estou na Europa. Não, estou no Brasil e senti vontade de escrever sobre as aventuras da época de faculdade.

Deu de enrrolação, vamos voltar para Granada.

Voltar para Granada foi muito especial. No minha primeira vez no albergue eu tinha me encantado pelo lugar e pelas pessoas, mas como estava preocupado em arrumar emprego e moradia, não tinha me permitido aproveitar aquela situação. Então, agora eu tinha voltado totalmente solto para aproveitar.

Seguramente o lugar chave de todo albergue é o lugar onde fica a internet, ainda mais nesse, que a internet ficava praticamente junto com a cozinha...hehehehe. Lógico que era ali que todos se encontravam e, naturalmente, era dali que saiam grande parte dos planos.

No começo os planos eram simples, como ir a um bar e visitar um museu, mas aos poucos as pessoas vão se conhecendo melhor (1 hora depois) que no final já estão combinando de se encontrar no Marrocos no final do mês, hehehe.

Hoje em dia eu não sou uma pessoa muito de festa, mas tinha uma coisa que adorava nos bares de Granada... não sei como chamaria isso, mas pode ser algo como uma “promoção” em que tu compra uma bebida e está incluído um aperitivo: as vezes um pãozinho, ou sei lá, algum fruto do mar, e por aí vai. Como eu não bebo, e muita gente prefere beber que comer, o combinado sempre era, vocês bebem e eu como, hahahahaha. Demais! Ah essa “promoção” se chama 'Tapas'.

No primeiro dia, durante o dia, se minha memória não falha, eu fui visitar uma igreja antiga e umas praças com umas meninas que conheci, duas da Alemanha, uma dos Estados Unidos e uma do Canadá. Na volta, claro que sugeri comprar um macarrão e umas latas de atum, e fazer uma janta no albergue, prato que virou praticamente a minha refeição oficial na Europa, dividindo espaço com o Kebab (sanduiche árabe) lógico. Depois da janta, na famosa salinha da internet, começou a aparecer mais pessoas, e então pensei: vou variar um pouco. Conheci dois caras e uma menina da argentina. Não lembro o nome deles, mas ela virou minha grande amiga, falo com ela até hoje, a Virginia. Resolvi então sair para umas Tapas com eles.

O grande “problema” dos albergues é que todos estão de passagens, então se escuta muitas histórias, e muitos planos de viagens, o que me deixa inquieto, hehehehe. Nessa noite a Virginia comentou que em dois dias iria seguir viagem para Cordoba, uma cidade que fica a 3 horas de trem de Granada. Ah! Os outros dois argentinos não estavam viajando com ela. Eles também tinham acabado de se conhecer e não iriam para Córdoba, eles iam direto para Sevilla, uma cidade que fica mais três horas para frente. Desta maneira, para não ficar sozinha, Virginia me convidou para conhecer Córdoba, dizendo que depois eu voltaria para o meu emprego. Claro que comendo Tapas, todos felizes, da boca pra fora eu falei: claro, claro, acho que eu vou sim.
No dia seguinte, durante o dia, reencontrei as outras meninas e, por convite delas, fomos conhecer a famosa Allambra, que é uma construção linda que fica no todo de um morro da cidade, e no caminho passamos para conhecer um bairro que era todo meio alternativo, que apesar de não lembrar o nome, tenho uma foto pra mostrar.

  
  
O da mochila sou eu e as duas meninas da direita são as duas irmãs da Alemanha.

Já de volta no computador do hotel, reencontro Virginia, e como eu não esperava, ela me lembra de que no dia seguinte ela iria para Córdoba e novamente me convida para seguir viagem. 

Nesse ponto eu já tava vivendo tão profundamente o sentimento de mochileiro que eu não pude dizer não. Resolvi alterar o plano, mas tudo sob controle. Comprei um chip local para o meu celular e falei pra Virginia que iria, mas com uma condição, ou melhor, duas: primeiro, já que ela logicamente escrevia em espanhol, ela mandasse uma mensagem para o meu “chefe” dizendo que aquele era o meu novo número e que iria viajar por dois dias, mas que voltaria e me mudaria para sua casa; segundo, que nesses próximos dois dias ela iria me dar aulas de espanhol.

Tudo certo. Mensagem enviada e já estávamos no trem, sentido Córdoba. Lógico que nessa altura do campeonato eu já estava hablando tuuudo...hehehehe.

Chegando na cidade, fomos logo procurar o ônibus local para seguir até a região que, segundo o mapa dela, tinham albergues para a gente ficar. No ônibus local uma coisa muito engraçada aconteceu: um turista bem loiro vem nos perguntar em espanhol informações do trem, pois estávamos como mapa em mãos. O cara falava muito bem espanhol, fiquei impressionado. Como já estava curioso, perguntei de onde ele era, e dai sim fiquei surpreso, ele responde: sou dos Estados Unidos. Eu estou acostumado com americano preguiçoso, que vem milhões de vezes pro Brasil e só fala inglês, mas deu de perceber que nem sempre é assim..hehehehe. O nome dele era Neil, e também estava na procura por albergue. Então, como todo bom viajante, convidamos pra se juntar com a gente.

Na saída do ônibus olho pra frente e vejo uma menina com uma mochila com um logo igual o da minha e pensei: olha que engraçado, é da mesma marca... e logo em seguida me lembrei que a minha mochila era brasileira...hehehehe.. Fui falar com ela e adivinha de onde ela era?

Tem gaucho espalhado por tudo quanto é canto do mundo, mas depois dos gauchos quem que a gente sempre encontra por ai? Claro que ela só poderia ser carioca né? Hehehehehe. O nome dela era Mari, e pra variar, também estava a procura de lugar para ficar.

Para a Virginia, que achava estar viajando sozinha, agora já éramos quatro... e como em uma viagem o tempo passa de uma maneira muiiito diferente, em questão de duas horas já éramos todos melhores amigos...hehehehe.



Da direita para a esquerda: Mari, eu, Neil e Virginia.

Os dois dias em Córdoba foram incríveis! Realmente inesquecíveis! E como tudo que é bom passa muito rápido; era hora de cada um seguir seu caminho. A Virginia seguiria para oeste, sentido Sevilla; a Mari estava vindo sentido contrário, então seguia para Granada; o Neil, como era intercambista de uma Universidade em Granada, e só podia viajar final de semana, iria voltar para Granada. E eu? Uma grande incógnita. Teoricamente deveria voltar para Granada e me mudar para a casa do “Chefe”, mas pensando de outra maneira: o meu emprego ainda não ia começar, se eu voltasse ia acabar tendo que trabalhar mesmo que sem receber, eu devia ter ainda uns 400 euros dos meus 500, e um emprego garantido em pouco menos de um mês. Se tu somar tudo isso, com o convite da Virginia de seguir viagem para Sevilla, e levar em consideração o fato de que até pouco tempo atrás eu estava totalmente perdido, triste, acho o resultado dessa equação fica lógica. Mas por hoje escrevi o suficiente....






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