quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Trem a Marrakesh...



Entrar no trem para Marrakesh foi o inicio de uma série de descobertas. Descobertas estas, que mal sabia eu, mas iriam de certa maneira afetar a minha vida por muitos anos.
O trem foi uma experiência muito louca! Era velho que só. O banheiro era a visão do inferno, mais sujo impossível. Cama? Não, com o dinheiro que eu tinha não daria para comprar um bilhete para passar 12 horas deitado, desta maneira tive que sentar em um banco sem encosto reclinável. Na minha cabine estava o pessoal que eu já tinha me juntado desde o barco que viemos da Espanha. A paisagem foi uma experiência muito marcante, só se via deserto, e do nada uma pessoa caminhando para o nada, daí mais deserto e do nada um “casinha minúscula”, mais deserto e do nada outra pessoa caminhando. A noite pela janela do trem estava linda, estrelada, realmente marcante. Observei por um longo tempo aquela paisagem tão distinta até que não me aguentei e peguei no sono. Quando me dou conta já era quase nove horas da manhã. Ao acordar só restava eu e mais um no vagão, acho que era canadense, que apesar de “estar” comigo eu tinha acabado de conhecer. Percebemos que o vagão estava parando lentamente, e por ser quase 9 da manhã (horário que supostamente chegaríamos a Marrakesh) começamos a juntar as mochilas e caminhar em direção ao corredor, nesse ponto o trem já estava parado. Ao caminhar pelo corredor, ele na frente e eu logo atrás, nos demos conta que o trem começa a andar novamente, não soubemos como reagir, ou melhor, eu não soube. O canadense que estava na frente apavorou e saiu correndo pelo corredor, e ao chegar na porta encontrou o trem já em movimento, e nem pensou muito: pulou porta a fora. Parece mentira, parece coisa de filme, mas foi exatamente assim: o cara estava com uma mochila gigante e pesada nas costas (aquelas de mochileiro), o trem realmente já estava em movimento, e não estava devagar, quando ele saltou do trem, foi só o tempo de encostar no chão e sair rolando pela estação, foi impressionante. Lógico que ao assistir a cena, e ainda mais sem nem ter certeza que ali era a estação certa, eu resolvi ficar pelo trem mesmo. Nessa altura do campeonato não sabia muito bem o que fazer, a não ser esperar. Passaram-se cinco minutos e vem o cobrador do trem apavorado falar comigo. O cara falava, falava e nada de eu entender. Primeiro ele fala árabe depois francês, e eu não consegui fazer ele entender que eu na verdade não conhecia o cara. Ele ficou meio apavorado e sumiu. Uns vinte minutos depois fui entender seu sumiço. Ele foi buscar o maquinista que falava meia dúzia de palavras em inglês. Resumindo, eles achavam que eu tinha me perdido do meu amigo e que estavam preocupado de como eu iria encontrar ele e tal. Claro que falei que não tinha problema, que eu na verdade tinha acabado de conhecer o cara e que não estava viajando com ele. Uma noticia boa pelo menos o maquinista me trouxe: aquela não era a estação correta, ainda estávamos há uma hora de Marrakesh. Ufaaa! hehehehe...
Depois dessa confusão toda, agora sim eu estava ficando nervoso com a chegada em Marrakesh. Será que eu não teria problemas para encontrar o Ali? Será que eu o reconheceria?
Essa uma hora pareceu uma eternidade, mas finalmente ela acabou e o trem começa a se aproximar da plataforma. Ao desembarcar do trem como eu já imaginava era uma muvuca! Gente para todo lado. Mas diferente do que eu tinha imaginado, quando olho para frente, no meio daquele povo eu reconheci o Ali. Parecia que eu conhecia ele a vida toda, como se ele tivesse piscando no meio daquelas pessoas todas. Eu estava a salvo, estava em Marrakesh, tinha encontrado o Ali, e melhor, em dois minutos já éramos melhores amigos. E foi assim que saímos da estação de trem, conversando como velhos amigos. Mas isso fica pra próxima.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Marrocos ou não?


Ao chegar em Madri fui direto ao albergue. Chegando lá fui direto falar com meus amigos e contar as novidades, que estava quase certo que eu iria ao Marrocos, mas que para isso acontecer eu teria que ficar um dia por Madri e só então teria a resposta de que a viagem estava de pé. Falei que se fosse o caso de não poder usar o quarto que eu usara na semana anterior eu poderia ficar na recepção acordado a noite toda vendo televisão, ou dormir sentado por ali no sofá mesmo. No sofá, segundo o Dudu, eu não poderia dormir, mas ele tinha uma outra saída: como eles (Dudu e o Francês) se revezavam no turno da noite (meia noite as oito da manhã), e eles também dividiam um quarto do albergue só para eles, eu poderia usar a cama do que tivesse trabalhando, e as oito da manhã eles me acordariam para a pessoa poder dormir. Plano perfeito. Agora que minha cama já estava garantida, tratei de sentar no computador e pesquisar a maneira mais barata possível de chegar em Marrakesh. Depois de muita pesquisa... foi no Orkut que acabei encontrando as informações mais úteis. O plano era: pegar um ônibus de Madri para Algecira (cidade que tem um porto, próximo ao Estreito do Gibraltar), onde eu pegaria uma balsa até a cidade de Tanger, já no Marrocos. De Tanger eu pegaria um trem que levaria perto de 12 horas até Marrakesh.
Nessa altura do campeonato eu tinha somente uns 120 euros, o que segundo as minhas pesquisas era o suficiente para chegar a Marrakesh e me sobraria uns 50 euros, o que não era o suficiente para voltar para a Espanha, ou seja, eu realmente só ia se o meu futuro amigo me adotasse como filho. Esse dia no albergue foi um dia de muita ansiedade e, infelizmente, a ansiedade não acabou por aí. No final do dia liguei para o Brasil e a minha amiga não conseguiu falar com o Ali. Aparentemente ele estava no caminho para Marrakesh e o seu celular não estava funcionando. Nesta altura do campeonato eu tinha um problema: eu tinha pedido para passar uma noite no albergue, só que pela falta de decisão eu teria que ficar mais um dia, afinal, se fosse para Granada e de lá decidisse ir para o Marrocos, poderia faltar dinheiro, já que teria que pegar um ônibus a mais. Como não me restava opção, pedi para meus amigos para ficar mais um dia, e como eles também não tinham opção, eles deixaram, claro. O problema foi que no dia seguinte acabou acontecendo a mesma coisa, minha amiga não conseguiu contato com o Ali, e denovo tive que pedir desculpas e pedir para ficar mais um dia. Isso tudo se repetiu por 5 dias, até que numa ligação já desanimada para o Brasil eu tenho a resposta que eu queria. Foi mais ou menos assim: “já está tudo certo. O Ali vai te adotar por uns dias e ele pediu para ti ligar para ele para combinar tudo...” Eu nem acreditava! Depois de tanta espera eu já estava me conformando que não ia ser daquela vez que eu ia conhecer o Marrocos.  Tá! Mas agora, eu tinha que ligar para ele. Mas afinal, como eu falaria com ele? Quero dizer, em que língua? Segundo a minha amiga ele não falava muito bem inglês, e como as principais línguas que ele falava eram francês e árabe, o melhor era falar português mesmo, que segundo ela ele conseguia se comunicar.
Antes de telefonar eu estava um pouco nervoso, mas foi só escutar a voz dele que eu já fiquei tranquilo. Quando ele atendeu e eu falei que era o Duca ele já respondeu: “Duca, amigo!! Tudo bom?”
Fiquei muito empolgado com a ligação. O cara era muito gente fina, não fiquei nem um pouco constrangido, ele perguntou como realmente estava a minha situação de grana, se eu teria o suficiente para chegar lá e tal. Fui sincero, falei que teria para chegar lá, mas que depois não teria mais nada. Ele falou para não me preocupar, para eu pegar o ônibus no dia seguinte, a balsa para Tanger e ao chegar na estação de trem já em Tanger (Marrocos) ligar para ele para avisar que horas eu iria chegar em Marrakesh.
No dia seguinte arrumei a mochila, me despedi dos meus amigos e parti mais uma vez para o desconhecido. Ao chegar em Algecira ainda na Espanha já deu para perceber a confusão que seria ao chegar no porto de Tanger.
Segundo todas as informação que tinha lido na internet, o porto em Tanger era uma confusão, era só pisar na rua que milhões de taxistas queriam te capturar de qualquer maneira para conseguir ganhar algum dinheiro teu. Já sabendo de tudo isso, ainda no porto de Algecira eu tratei de conhecer outros estrangeiros que iriam para Marrakesh para assim não precisar fazer esta função complicada sozinho. Fora isso, para poder me comunicar, já que no Marrocos quase ninguém fala inglês. Me juntei com um canadense e um europeu (acho que era alemão), e assim imaginei chegar salvo por lá. Conseguir chegar na estação de trem não foi muito difícil. Realmente era muito confuso aquela parte da saída do porto. Mas grudamos no primeiro taxi que conseguimos e fomos direto para a estação de trem. A estação de trem era um lugar mais tranqüilo, uma estação recém construída, sem muita gente te oferecendo alguma coisa ou algum serviço.
Primeira coisa que a gente fez foi comprar nossas passagens, e logo em seguida fui a um orelhão para ligar par o Ali.
Ao falar com ele falei que estava tudo certo, que já tinha comprado a passagem e que chegaria no dia seguinte as nove da manhã. Meio assustado com toda a confusão do porto tentei avisar para o Ali que eu iria estar com uma camiseta bem amarela que assim seria mais fácil ele me achar, afinal de contas a única vez que vi ele foi numa foto uns três anos antes daquele momento, e não seria uma boa idéia não encontrar ele sendo que não tinha dinheiro para voltar para a Espanha, e fora isso no Marrocos não existe ligação a cobrar para o Brasil, e para piorar, naquela época eu não tinha conta em Banco, quem dirá cartão de crédito, ou seja, isso não poderia acontecer. Ao tentar falar de como eu era a resposta do Ali foi: “amigo, não te preocupa, eu te encontro, não preciso saber a cor da tua camiseta...”. Caramba! Eu estava meio ansioso para saber como era Marrakesh, e como seria para encontrar o tão famoso Ali, mas eu ainda tinha um longo caminho de trem pela frente.
Tá! Mas deixa isso para outro dia, por hoje é só...
Noticia triste de hoje... Ontem morreu um ídolo mundial do Surf, Andy Irons (32 anos). Tive a oportunidade de assistir ele num verdadeiro espetáculo na final do campeonato mundial em Pipe Line/Hawaii em 2006, realmente o cara era foda. Com certeza aquelas imagens vão ficar para sempre na memória. 

domingo, 17 de outubro de 2010

A grande pedalada!!


O dia prometia. Acordei logo cedo, ansioso. Tomei um café caprichado. O Carneiro já tinha preparado os sanduíches e a garrafa de Nescau. Botamos a bicicleta no carro e seguimos sentido a fronteira da França. Ele me largou no lado da Espanha, mas era só cruzar uma ponte e eu chegaria na França. Segundo ele, era só seguir aquela rodovia que ia beirando o mar, que eu chegaria em Biarritz, meu destino. Caso contrário, se eu não aguentasse o tranco, poderia pegar um trem de volta em alguma cidadezinha no caminho. Acho que no fundo ele tava  me testando, mas de verdade não acreditava que eu chegaria até Biarritz.
Pensando hoje a distancia não é grande, são apenas 30 km. O problema principal era a bicicleta que mau freio tinha, a roda balançava. Realmente não era a melhor bicicleta de todas.
O dia começou bem. Amanheceu um dia lindo. Pedalei um pouco e logo parei numa praia, que não lembro o nome, para aproveitar o visual. E assim foi por um tempo: pedalava um pouco, parava cinco minutos. A estrada era reta, subia um pouquinho, descia um pouquinho, poucos carros, tava indo tudo certo. O problema é que alegria de pobre dura pouco, e realmente dura. O tempo do nada fechou, começou uma chuvarada e eu com aquela bicicleta que não freava, descendo o morro e tendo que frear com o pé na roda. Passa um tempinho e abre um solzão. O tempo realmente estava maluco e foi assim durante o dia todo: abria um sol, caia um toró, abria um sol. Olha, o dia foi longo, o que no começo tava uma maravilha, no final eu só pensava: “valeu muito a pedalada, mas já ta na hora de acabar”. Hehehehe.
 Resumindo... eu saí por volta das 8 e meia da manhã da fronteira, pedalei o dia todo com chuva e sol, e finalmente fui chegar em Biarritz só as 5 e meia da tarde, sendo que a parada mais longa que eu dei não deve ter chegado a uns 20 minutos. Logo que cheguei, como estava um dia meio chuvoso, a luz começou a baixar, então tratei de logo, mesmo que chovendo, ir atrás da estação de trem. Tive azar, perdi o trem por pouco, então teria que esperar, se não me falha a memória, próximo de duas horas para a saída do próximo trem. Quando o trem partiu, sentido a fronteira da Espanha, já era noite, e eu que não falo uma palavra de francês, quero dizer não falava (fiz ano passado um intensivo de um mês de francês, agora devo conhecer umas 5 palavras, hehehe). Estava todo nervoso, com medo de perder o ponto. Nunca conseguia escutar direito o nome da estação que a caixa de som avisava. Passou o tempo que imaginei ser o necessário para chegar a fronteira, então resolvi descer no próximo ponto. Ai, se eu pudesse voltar atrás. Ao sair do trem e assisti-lo partir, me dou conta que não estava na estação correta. Eu estava numa cidadezinha ainda meio longe de onde deveria estar. Olho no horizonte e vejo lá longe a cidade que deveria ter saltado do trem. Como esperar outro trem iria demorar muiito, resolvi fazer o trajeto pedalando. Pior, agora a chuva não dava trégua e, fora isso, era noite e a pista muitas vezes não tinha acostamento direito e muito menos iluminação. Olha se tinha sido difícil chegar em Biarritz, quem dirá esse trajeto final. Foi uma loucura praticamente! Era carro passando colado a milhão do meu lado dando sinal de luz, buzinando, e eu gritando mandando eles pra tudo quanto é canto. Aquilo foi acho que 10 vezes mais cansativo que ter pedalado o dia todo. Realmente nessa altura do campeonato eu só queria ver a cama da casa do Carneiro. Depois de muito xingar motorista, finalmente cheguei ao meu destino. O resto da história foi menos complicado. Peguei um segundo trem e fui direto para a casa do Carneiro. Chegando lá, acho que ele começou a realmente acreditar que eu tava com o espírito de viajando, hehehehe. Mas uma coisa valeu a volta... chegando em casa, o Carneiro me esperava com um macarrão delicioso, nunca esqueço, tinha resto de tudo que tinha em casa, frango, bacon, tinha de tudo; mas como eu estava morto eu me deliciei e fui direto para cama em seguida.
No dia seguinte eu resolvi que seria um dia light... peguei a bicicleta e fiquei pela cidade. Aproveitei para ficar um tempo vendo o visual da praia, e tentei me mexer o menos possível, porque realmente meu corpo precisava descansar. Antes de voltar para casa, como já começava a sentir que estava abusando do Carneiro, fiz um lanche e voltei já jantado.
Chegando em casa fui trocar uma idéia com o Carneiro pra saber o que a mulher dele estava achando e tal, pra saber quantos dias a mais eu estava permitido de ficar. Levei um susto, não imaginava. Ele falou que não estava incomodado, que estava adorando eu estar lá, mas que como a casa era do pai da namorada dele, ele achava melhor eu ficar só mais um dia por lá.
Entendo perfeitamente o lado dele. Afinal ela nem me conhecia, eu nem avisei que estava indo para lá, só cheguei do nada, e já estava lá acho que uns 5 dias, uma hora tem que ir embora, né? Infelizmente essa hora chegou. Fiquei meio triste porque eu estava gostando de San Sebastian e, fora isso, parecia que meu sonho estava acabando, eu tinha um dia para ir embora e nenhum plano fora voltar para o começo, Granada. No dia seguinte a função foi arrumar as coisas e ir comprar minha passagem de ônibus, pois eu ia embora na mesma noite. Arrumei tudo e parti para a rodoviária comprar a passagem. Passagem comprada pensei: vou para um cyber café escrever no fotolog (na época eu escrevia durante a viagem em um fotolog) o que está rolando e então depois vou para a casa buscar minha mochila e pego o ônibus. No meio do caminho lembrei de ligar pra casa no Brasil. Falei com um, com outro, e então resolvi desabafar: “estou desanimado, nas últimas três semanas vivi uma alegria que a um tempo não conhecia, fiz tanta coisa legal conheci tanta gente legal, mas agora meu dinheiro está acabando, tenho só 120 euros, e pelo jeito vou ter que voltar para Granada. Como eu queria ter algum novo plano e que eu não precisasse de dinheiro para por ele em prática ”.
Foi ai que escutei uma frase de ensinamento que penso nela até hoje. Me falaram: Duca, as vezes na vida a gente tem que fazer o que tem que fazer, se o dinheiro está acabando tens que voltar para Granada e trabalhar.
Desliguei o telefone e fiquei com aquilo na cabeça. Fui até o cyber café e a única coisa que podia me salvar parecia que estava prestes a me salvar, um milagre.
Entro no Fotolog e me deparo com uma mensagem de uma amiga que não tinha contato a quase um ano, a mensagem era mais ou menos assim: Duca como tais parecido com o Ali nessa foto em Granada, tu é muito parecido com ele, vocês iam se adorar. Agora ele irá participar de um festival de cinema em Marrakesh, se quiseres ir para lá me liga.
Pra quem não entendeu, o que é natural: o Ali é um amigo dessa minha amiga, que é documentarista marroquino que morou vinte anos na França. Durante os quase três anos que convivi com essa amiga ela sempre falou que eu ia adorar ele, que era muito parecido com ele e tal. Mas como ele morava na França, eu nunca tinha encontrado ele, o máximo que fiz foi falar um minuto com ele ao telefone uns 2 anos antes dessa viagem para a Europa.
Agora que está tudo mais claro vamos voltar para onde parei.
Eu estava meio quebrado para fazer uma ligação paga para o Brasil, mas nessa situação, saí dali correndo e fui direto comprar um cartão telefônico e liguei para minha amiga. Minha resposta para ela foi obvia. É lógico que eu quero ir para o Marrocos, mas eu tenho um problema, eu só tenho dinheiro para chegar lá, chegando lá não tenho dinheiro nem para voltar para a Espanha, então se ele me adotar como filho eu vou, caso contrário não posso ir. Ah! Ele tem a idade do meu pai, por isso presumi que se ele era tão legal, como sempre me falaram, ele talvez poderia me adotar, e lógico que na sua próxima viagem para o Brasil eu retribuiria a altura.
Ela falou que não sabia se iria dar certo, mas que iria tentar entrar em contato com ele e que era para eu ligar no dia seguinte.
Foi aí que tive uma idéia brilhante: como teria que pegar dois ônibus até Granada mesmo (San Sebastian-Madri+Madri-Granada) eu aproveitaria para passar o dia no Albergue dos meus amigos em Madri e assim teria um dia para decidir se iria de Madri para Granada ou descobrir uma maneira barata de ir de Madri para o Marrocos.
Minha cabeça voltou a ficar a milhão. Peguei o ônibus e nem dormir eu conseguia, só pensava em chegar em Madri e descobrir se poderia ou não ir para Marrakesh.
Bom. Por hoje é só. Já escrevi demais e estou morrendo de fome pra variar, vou jantar.
Uma última novidade. Não cheguei nesse ponto da história ainda, mas hoje tive uma notícia muito legal que gostaria de dividir com quem estiver lendo.
O meu projeto atual (2010) acaba de dar um passo muito interessante. Estou trabalhando em uma linha de quadros fotográficos para decoração, e ontem (16/10/2010) apareceram dois quadros meus no programa “Lar doce Lar”do Luciano Huck, fiquei muito feliz!! Quem tiver curiosidade o link do programa no youtube está abaixo. OBS: são os dois quadros atrás do sofá da sala. Caso alguém tenha interesse em comprar este ou um dos outros dois modelos que estão a venda nesse momento é só entrar no site do patrocinador do programa, ou em alguma das lojas.

domingo, 10 de outubro de 2010

Finalmente consegui encontar o Carneiro!!

 No  dia seguinte, logo após acordar, tive uma surpresa: meu telefone tocou e era o Carneiro. Ele estava amarradão, e logo contou as novidades: “falei com a minha mulher e ela falou que não tem problema tu ficar por aqui, tô indo te pegar agora”. Opa! Coisa linda! Ótima notícia logo pela manhã. Hehehe.

Foi muito legal encontrar o Carneiro depois de tantos anos. Ele é um grande amigo da minha mãe que tem uma fábrica de pranchas de surf na Praia da Guarda, chamada Kxot. Na verdade, um amigo dele chamado Kxot faz os shapes e ele, na sua oficina, faz a parte da laminação. Não sei como anda hoje em dia, mas naquela época era assim, ou melhor, como já disse anteriormente, isso quando ele não estava em San Sebastian.
Na minha infância, minha mãe morava numa casa que alugava dele E que ficava no mesmo terreno da oficina, ou seja, eu acompanhava sua produção todo final de semana, ia pro costão bem pequeno assistir ele surfar, e por aí vai. A situação agora era bem diferente... estávamos na Espanha depois de alguns anos sem se ver e eu um pouco mais velho e crescido, mas parecia na real que o tempo não tinha passado não.

Já de cara ele me levou de carro pra dar uma volta pela cidade, me mostrou alguns lugares estratégicos e fomos para sua casa. Ele, como um bom brasileiro, já tratou de me arrumar um quarto e fazer uma comida pra mim. Eu estava em casa.

Naquele dia ele já me avisou que se desculpava que ele não teria muito tempo pra me mostrar a cidade pois era sua última semana antes de viajar para passar o verão no Brasil. Mas, segundo ele, a solução era: ele iria descolar uma bicicleta velha que ele tinha e me dar uns toques e eu iria aproveitar a cidade de bicicleta. Plano melhor impossível. Antes de dormir ele me alertou que no dia seguinte iria ter que trabalhar muito cedo, e eu com um pouco de vergonha de ficar sozinho no apartamento falei que iria junto, mas que iria ficar dormindo no carro. Ai se eu soubesse o frio que faz pela manhã naquela época. Hehehe. O combinado era  eu dormir pela manhã no carro e na hora do almoço iríamos buscar a tal bicicleta. E assim foi. Passei uma manhã congelando no carro até que veio a hora de buscar a bicicleta. A bicicleta não tem como descrever. Eu precisaria na verdade de uma foto que tirei dela, mas ao passar dos anos não faço a menor idéia de onde ela se encontra, e não era digital. Segundo ele, um francês que ele conheceu uma vez deu a bicicleta de presente para ele. Era uma bicicleta francesa de mais de 30 anos, daquela bem magrinha, com o banco que era um pedacinho de couro esticado com algumas molas. Os freios não funcionavam direito e o pneu da frente balançava que parecia que ia cair. Hehehehehe. Ooo experiência!!

Passei aquela tarde toda andando de um lado para o outro da cidade, e ao anoitecer pensei: não vou abusar, então passei num Mac Donald’s e comi um lanche antes de ir para casa.
Chegando em casa, lógico que o Carneiro queria fazer comida para mim, mas eu já fui logo avisando que já tinha comido e que não era necessário. Ele perguntou como tinha sido o dia e se eu tinha me adaptado a bicicleta. Falei que tava amarradão, que tinha adorado a experiência, e dai veio a idéia dele. Ele perguntou se eu era guerreiro e se eu estava afim de conhecer um lugar novo e fazer um passeio diferente. Lógico que a minha resposta foi sim.

Acho que no fundo ele queria me testar, testar se eu era um cara disposto de verdade, e então veio o plano: San Sebastian  fica na fronteira com a França e uns 30km pro norte da costa da Françaa fica uma praia de surf bem famosa chamada Biarritz. Segundo ele não só Biarritz, mas o caminho até lá eram lindos.

Ele propôs levar eu e a bicicleta de carro logo pela manhã até a fronteira com a França e de lá eu atravessaria a ponte e passaria o dia pedalando até Biarritz. Na volta  eu pegaria um trem de volta para a fronteira, atravessaria a ponte a pé e pegaria outro trem para sua casa, o que faria eu economizar, pois não pegaria um trem interestadual. Para tornar esse um dia ainda mais barato ele me faria uns sanduíches para levar e uma garrafa de Nescau pronto, o que acabaria resultando num orçamento de 10 euros para passar um dia na França, o que ajudaria muito naquela altura do campeonato. Acho que não preciso falar qual foi a minha decisão, né?

domingo, 3 de outubro de 2010

A procura pelo Carneiro continua...


Depois de muita procura encontrei o ponto de ônibus. Ao entrar no ônibus não me entendi muito bem com o cobrador, mas pressupus que estava indo na direção certa. Não entendi nada foi quando ele me deu vários comprovantes de pagamento, acho que me cobrou umas cinco passagens ao invés de uma, hehehe. É que se na Espanha a comunicação já é difícil com aquele espanhol enrolado no País Basco mais ainda. Eles, na verdade, querem se separar da Espanha, inclusive tem outra língua, que é só deles, e uma daquelas que nem o diabo entende, bizarro. Hehehehe... Bom, no meio desse rolo todo consegui desembarcar mais ou menos próximo da fábrica de pranchas onde o Carneiro supostamente trabalhava. Devo ter caminhado uns 15 minutos e cheguei em um galpão fechado onde não conseguia achar uma porta aberta. Então, comecei a gritar pelo apelido dele e nada. Até que aparece uma pessoa na janela do segundo andar e eu tento me comunicar perguntando pelo cara. 

A comunicação não ia muito bem, até que o cara pergunta em português: tu é brasileiro, né? Ufaa... agora já me sentia mais em casa. Como alegria de pobre dura pouco, o cara disse que o Carneiro não tinha ido trabalhar aquele dia, mas ao mesmo tempo me deu uma força. Disse que um amigo dele e do Carneiro que estava de carro iria para a cidade, e poderia me levar para o lugar da praia onde o Carneiro provavelmente estaria. Lógico que chegando lá ele não estava e eu de volta ao ponto inicial. A única diferença era que a essa altura do campeonato já era tarde o suficiente para ligar para o cara que conheci em Madri, e além disso, o pessoal do trabalho do Carneiro sabia que eu estava a procura dele e tinha meu celular caso o encontrassem. Como não tinha mais o que fazer liguei para o cara. Ele não entendeu nada. Acho que não tinha levado a sério que eu realmente iria até San Sebastia. Acho que ele não me conhecia direito, né? Hehehehe. 

Então comuniquei a ele que iria ao menos passar aquela noite na casa dele, afinal já estava quase escurecendo e eu não tinha onde ficar. Tudo acertado por telefone e lá foi eu atrás dele numa quadra de basquete pública onde estava jogando com seus amigos. De lá fomos ao supermercado comprar ingredientes, pois eu tinha prometido que faria uma comida para nós. Foi aí que o vento soprou ao meu favor. Meu telefone toca, e adivinha quem era? O Carneiro. Lógico! E claro que não entendeu nada.

Eu: “e aíí Carneiro? Então é o Duca, filho da Danda. Estou aqui pela tua cidade. Vim passar uns dias no teu sofá.”
Alguns segundos de silêncio. Imagino eu que para cair a ficha do que estava rolando, e veio a resposta...
Carneiro: “Caramba, Duquinha (como minha mãe me chama)! Tais por aqui?... Então. Eu estou morando num apartamento com a minha esposa e o apartamento é do pai dela... então eu tenho que trocar uma idéia com ela pra saber se não tem problema e tal.”

Lógico que para não ser ainda mais inconveniente, e já que eu estava garantido para a noite, falei para ele ficar tranquilo, que eu dormiria na casa do cara que conheci em Madri e iria aguardar ele entrar em contato comigo no dia seguinte, caso desse tudo errado eu voltaria mais cedo para Granada.

Seguimos para sua casa, fizemos a janta, e fui direto para a cama. Afinal, aquele dia tinha sido meio que de ansiedade, incerteza e tudo aquilo me cansou bastante.

sábado, 25 de setembro de 2010

A mesma dúvida de sempre...


     Ah! Antes de começar, eu esqueci de falar! Durante o final de semana com o Neil em Madri também fomos visitar uma cidade vizinha muito  legal, chamada Toledo, conhecida por suas casas de doces. Sim, comemos muito. Hehehehe.

Continuando....
    De volta ao ponto zero. A dúvida era sempre a mesma: voltar para Granada ou seguir viagem. É, pra quem já leu os outros dias de viagem acho que já da pra saber como eu estava levando aquela viagem, e lógico, não ia ser dessa vez que eu ia mudar de idéia.               Nessa altura do campeonato, pelos meus cálculos, eu deveria ter uns 180 euros, o que nas minhas contas era o suficiente para viajar para San Sebastian de ônibus, passar uns 3 dias por lá, pegar um ônibus de volta para Granada e sobrar uns 80 euros ou até 100. Para entenderem um pouco mais dos trajetos que fiz, fica ai um mapa.
                               

     Já que eu tinha onde ficar por lá. Decidido, compro a passagem de ida, afinal de contas nunca se sabe o que vai acontecer por lá, e volto para o albergue para me despedir do pessoal. Eu partiria tarde da noite. Então antes de sair resolvi fazer uma ligação para minha mãe no Brasil e contar as novidades. Eu todo empolgado dizendo que ia conhecer o País Basco, e ela fala: olha que legal, é lá que o Carneiro mora.  E foi só aí que a ficha caiu. Carneiro é um amigo de muito anos da minha mãe que eu conheço desde criancinha.       Ele tem uma fábrica de pranchas de surf na Guarda do Embau, no Brasil, mas como é filho de espanhola e tem cidadania ele divide o tempo entre Espanha e Brasil. Vive do verão. Verão aqui verão lá, e assim por diante. O problema é que morar no País Basco é uma coisa, agora especificamente na cidadezinha de San Sebastian é outra completamente diferente. Combinamos o seguinte: já que eu já tinha onde ficar no primeiro dia, eu iria rumar para lá, enquanto isso no Brasil ela iria correr atrás de conseguir o telefone do Carneiro, e assim que conseguisse me mandaria via e-mail.
        Eu chegaria na cidade tipo 5 da manhã, mas como naquela noite nos Estados Unidos era dia das bruxas (data muito comemorada) e meus amigos eram americanos, eles estariam numa festa de dia das bruxas. Então de duas uma: ou eles estariam ainda na festa ou estariam mortos dormindo.  O que eu tinha imaginado era: quando chegar lá, fico na rodoviária até umas nove da manhã e então ligo pra eles. É, numa viagem nem tudo sai sempre como planejamos. Chegando lá a rodoviária não era bem uma rodoviária, não tinha se quer um lugar coberto, era praticamente um ponto de ônibus no meio de um lugar mal iluminado. Mudança de planos. Como já tinham me falado que a cidade era pequena, resolvi que iria tentar descobrir onde era a boate que eles estavam e esperar na frente para arriscar de encontrar eles.
   Tive sorte que assim que sai do ônibus encontrei um turista bêbado procurando a estação de ônibus, acredito que fazendo o caminho contrário do meu, então estava com um mapa na mão, o qual me deu de presente.
    Segundo eles a cidade era formada de duas praias, uma que era uma baía e água calma e outra de mar aberto onde rolavam as ondas para surfar. Como eles me disseram que a boate ficava na beira-mar da Praia da Concha, mais ou menos no meio da sua extensão, eu com um mapa na mão fui em frente.
Este é um mapa da cidade:
                              

      O ponto A é mais ou menos onde fica a rodoviária, e o ponto B é onde eu imaginava que era a boate. Acertei, a boate era ali mesmo, mas isso em si não resolvia nada, eu precisava encontrar os meus amigos. Fiquei rondando pela frente do lugar até umas 7 e meia da manhã, e nada. Saíram várias pessoas lá de dentro e nada de sairem eles, até que as tiazinhas começaram a fechar o lugar e eu desisti. E agora o que fazer, é cedo para ligar para eles, cedo pra ligar para minha mãe no Brasil, não tinha encontrado nenhum cyber-café já aberto, e foi aí que tive a “brilhante” idéia: a única coisa que não estava cedo era para surfar. Resolvi que caminharia até a praia do mar aberto, e iria procurar pelo Carneiro, afinal de contas, se teoricamente a praia da cidade em que todos surfavam era aquela, nesse horário ele deveria estar por lá. E foi o que eu fiz.
Esse foi o meu trajeto:

                     
  
     Sentei na areia e nada do Carneiro, esperei, esperei e nada. De repente mais uma grande idéia: uma cidade daquele tamanho não pode ter muitas fábricas de prancha, né?
       Me levantei e voltei para beira-mar a procura de lojas de surf, onde me informariam onde era a fábrica. Aquele realmente parecia não ser o meu dia de sorte. Estavam todas fechadas as lojas, mas teve uma que me chamou atenção. Apesar de fechada ela tinha na vitrine várias pranchas da mesma marca, e uma marca que eu não conhecia, ou seja: poderia ser uma marca local. Segundo a plaquinha a loja abriria as 11 horas, e como ainda eram umas 9 lá vai eu de volta ficar de olheiro na praia pra tentar encontrar o Carneiro.         Uma hora passa e nada, duas horas passam e nada, até que finalmente chega as tão esperadas 11 horas.
     Chegando na loja a vendedora perguntou como de praxe: posso te ajudar (Em espanhol. Claro que não lembro exatamente como foi, mas deu para pressupor que foi mais ou menos esse o significado). E eu respondi: eu espero que sim, eu estou procurando um amigo meu que não vejo há anos, ele é brasileiro e trabalha numa fábrica de pranchas. Ela perguntou: mas qual o nome dele? Eu respondi: então o nome dele mesmo eu não lembro, mas o apelido dele é Carneiro. O dia começou a mudar e ela respondeu: sim, ele trabalha para nós, hehehehehe. Demais! Consegui encontrar ele mesmo sem receber o e-mail. Ela chama o dono da loja, me apresenta para ele, explica a situação e o cara começa a ligar pro celular do Carneiro, que não atende. O chefe imaginou que ele deveria estar surfando, então falou para eu ficar com o número dele e tenta ligar novamente mais tarde, e completou: agora, se tu quiser encontrar ele, supostamente hoje a tarde ele estará trabalhando na fábrica, mas a fábrica fica um pouco afastada da cidade. Eu perguntei se tinha alguma maneira de chegar lá e ele falou que sim, de ônibus. Anotei a direção toda certinha, mas como tinha que matar um tempo resolvi que iria procurar um kebab barato para matar a fome.
      Bom, acho que por hoje é suficiente... Falar em Kebab está me dando fome, vou almoçar. Hehehehe.

domingo, 19 de setembro de 2010

Dois mundos...


Quando resolvi criar esse blog o meu intuito era realmente escrever todos os dias, mesmo sabendo que eu estaria trabalhando para acabar meu filme. Depois de umas duas semanas, percebi que na verdade não consigo. Claro que um pouco pela questão do tempo, afinal de contas um dia deveria ter umas 30 horas, mas este não é o fator principal. O problema na verdade é que, neste momento, no Blog eu estou contando histórias de 5 anos atrás que são bem diferentes das histórias contadas no filme que estou escrevendo o roteiro. Além disso, aqui eu escrevo de uma maneira totalmente livre, e quem estiver lendo pode parar, voltar a ler no dia seguinte, ler novamente, etc. O roteiro é um pouco diferente. Nele eu tenho o desafio de formatar certas histórias de uma maneira em que as pessoas que o assistirem sintam-se instigadas a continuar assistindo, e depois de uma hora saiam da frente da tela com um sentimento de que assistiram algo de verdade, não algo superficial. Não sei se me expliquei direito, mas o fato é que falar de duas histórias tão diferentes e de maneiras tão distintas não é tão fácil quanto imaginei ser, hehehehe. Por isso, para não fazer confusão na minha cabeça, tenho escrito alguns dias aqui e outros o roteiro. Mas chega de enrolar e vamos voltar para a história.

Madri... Nesse ponto da viagem eu fiz uma descoberta muito importante: muitas vezes não importa onde tu está, e sim com quem tu está. Lógico que não estou dizendo que Madri não é um lugar interessante, até porque eu adoro Madri, mas estou dizendo que conheci uma outra Madri, na companhia de dois grandes amigos que conhecia fazia muito pouco tempo, mas que já tinha me apegado muito. Por maior que a cidade seja, naquele momento para mim parecia que a gente tava de volta em Córdoba que era uma cidade minúscula, hehehehe.
O engraçado era que, apesar do Neil ser americano, era ele quem me ensinava espanhol. O combinado era o seguinte: falar em inglês era expressamente proibido, a não ser quando já tava muito tarde da noite e o Neil já tinha bebido e eu já com sono tinha preguiça de pensar para falar em espanhol, então nessas horas a gente se permitia falar em inglês.
Teve um dia que estávamos no albergue eu e o Neil e encontramos dois outros americanos que também estavam fazendo intercambio, porém em San Sebastan, no País Basco, extremo norte da Espanha. Os caras não entenderam nada, conheceram eu e o Neil se matando para se comunicar em espanhol e do nada a gente começa a falar com eles em inglês totalmente fluente. Na cabeça deles não fazia sentido. Se ele era americano e eu falava fluentemente em inglês, por que diabos nos ficávamos nos comunicando com tantas dificuldades em espanhol. Para mim era completamente lógico: eu estava na Espanha e queria aprender a falar espanhol.
Acabou que os caras era muito gente fina, e um dia antes do final de semana acabar um deles começa a fazer propaganda da cidade que morava, San Sebastian. Eu virei para o Neil e lógico já fiz a proposta: Neil, os caras são legais, podemos ficar na casa deles uns dia, porque não ir para lá com eles? Hehehehehehe.
Mas claro que ele jogou um balde frio na minha idéia. Falou que tinha aula da faculdade na segunda-feira e teria que voltar para Granada. Mesmo desanimado, claro que não podia fechar uma porta, apesar de no momento achar que não ia viajar para lá. Ao ver os americanos indo embora eu peguei o telefone deles e falei que quem sabe nos próximos dias eu apareceria pela cidade...hehehehe.
O dia seguinte chegou e junto com ele a decisão: voltar ou não para Granada.  Mas isso deixa para amanhã, afinal: são sete e meia de um domingo, estou morrendo de sono, mas ainda vou fazer uma janta para já ficar pro almoço de amanhã: comida da Indonésia para lembrar os tempos que passei por lá, mas isso é uma outra história.