domingo, 10 de outubro de 2010

Finalmente consegui encontar o Carneiro!!

 No  dia seguinte, logo após acordar, tive uma surpresa: meu telefone tocou e era o Carneiro. Ele estava amarradão, e logo contou as novidades: “falei com a minha mulher e ela falou que não tem problema tu ficar por aqui, tô indo te pegar agora”. Opa! Coisa linda! Ótima notícia logo pela manhã. Hehehe.

Foi muito legal encontrar o Carneiro depois de tantos anos. Ele é um grande amigo da minha mãe que tem uma fábrica de pranchas de surf na Praia da Guarda, chamada Kxot. Na verdade, um amigo dele chamado Kxot faz os shapes e ele, na sua oficina, faz a parte da laminação. Não sei como anda hoje em dia, mas naquela época era assim, ou melhor, como já disse anteriormente, isso quando ele não estava em San Sebastian.
Na minha infância, minha mãe morava numa casa que alugava dele E que ficava no mesmo terreno da oficina, ou seja, eu acompanhava sua produção todo final de semana, ia pro costão bem pequeno assistir ele surfar, e por aí vai. A situação agora era bem diferente... estávamos na Espanha depois de alguns anos sem se ver e eu um pouco mais velho e crescido, mas parecia na real que o tempo não tinha passado não.

Já de cara ele me levou de carro pra dar uma volta pela cidade, me mostrou alguns lugares estratégicos e fomos para sua casa. Ele, como um bom brasileiro, já tratou de me arrumar um quarto e fazer uma comida pra mim. Eu estava em casa.

Naquele dia ele já me avisou que se desculpava que ele não teria muito tempo pra me mostrar a cidade pois era sua última semana antes de viajar para passar o verão no Brasil. Mas, segundo ele, a solução era: ele iria descolar uma bicicleta velha que ele tinha e me dar uns toques e eu iria aproveitar a cidade de bicicleta. Plano melhor impossível. Antes de dormir ele me alertou que no dia seguinte iria ter que trabalhar muito cedo, e eu com um pouco de vergonha de ficar sozinho no apartamento falei que iria junto, mas que iria ficar dormindo no carro. Ai se eu soubesse o frio que faz pela manhã naquela época. Hehehe. O combinado era  eu dormir pela manhã no carro e na hora do almoço iríamos buscar a tal bicicleta. E assim foi. Passei uma manhã congelando no carro até que veio a hora de buscar a bicicleta. A bicicleta não tem como descrever. Eu precisaria na verdade de uma foto que tirei dela, mas ao passar dos anos não faço a menor idéia de onde ela se encontra, e não era digital. Segundo ele, um francês que ele conheceu uma vez deu a bicicleta de presente para ele. Era uma bicicleta francesa de mais de 30 anos, daquela bem magrinha, com o banco que era um pedacinho de couro esticado com algumas molas. Os freios não funcionavam direito e o pneu da frente balançava que parecia que ia cair. Hehehehehe. Ooo experiência!!

Passei aquela tarde toda andando de um lado para o outro da cidade, e ao anoitecer pensei: não vou abusar, então passei num Mac Donald’s e comi um lanche antes de ir para casa.
Chegando em casa, lógico que o Carneiro queria fazer comida para mim, mas eu já fui logo avisando que já tinha comido e que não era necessário. Ele perguntou como tinha sido o dia e se eu tinha me adaptado a bicicleta. Falei que tava amarradão, que tinha adorado a experiência, e dai veio a idéia dele. Ele perguntou se eu era guerreiro e se eu estava afim de conhecer um lugar novo e fazer um passeio diferente. Lógico que a minha resposta foi sim.

Acho que no fundo ele queria me testar, testar se eu era um cara disposto de verdade, e então veio o plano: San Sebastian  fica na fronteira com a França e uns 30km pro norte da costa da Françaa fica uma praia de surf bem famosa chamada Biarritz. Segundo ele não só Biarritz, mas o caminho até lá eram lindos.

Ele propôs levar eu e a bicicleta de carro logo pela manhã até a fronteira com a França e de lá eu atravessaria a ponte e passaria o dia pedalando até Biarritz. Na volta  eu pegaria um trem de volta para a fronteira, atravessaria a ponte a pé e pegaria outro trem para sua casa, o que faria eu economizar, pois não pegaria um trem interestadual. Para tornar esse um dia ainda mais barato ele me faria uns sanduíches para levar e uma garrafa de Nescau pronto, o que acabaria resultando num orçamento de 10 euros para passar um dia na França, o que ajudaria muito naquela altura do campeonato. Acho que não preciso falar qual foi a minha decisão, né?

Nenhum comentário:

Postar um comentário